sexta-feira, outubro 06, 2006

Entrevista ao Presidente do Instituto Politécnico de Viseu


Após um retemperador período de férias, o Canal de Notícias (CN) falou com o Presidente do Instituto Politécnico de Viseu. João Pedro de Barros aborda frontalmente, nesta entrevista em exclusivo, diversos temas relativos ao Instituto, à educação e ao País.

CN - A poucos dias da inauguração do Centro de Artes (CAFAC) do Instituto Politécnico de Viseu, como perspectiva o seu futuro?

O CAFAC, Centro de Apoio à Formação de Artes Cénicas, nasce com a necessidade de continuar a sonhar com uma Escola de Artes de que toda esta vasta região do País se sente merecedora.
Assim não quis o governo de então (2000) negando-nos essa possibilidade, aliás prometida pelo Prof. Marçal Grilo.
Como sentimos que, ou tomávamos a iniciativa de construir algo que pudesse constituir o embrião de uma Escola ou, definitivamente perderíamos essa possibilidade, com os parcos haveres que conseguimos e com algum engenho e arte fizemos nascer este CAFAC.
Esperamos, sinceramente, que ele possa ser o berço de algo mais importante. Para já este espaço que Paulo Ribeiro, Director do Teatro Viriato classificou como muito interessante, estará ao serviço da cultura e das artes. Depois se verá.

CN - Os institutos politécnicos estão contra o recente chumbo do Governo a mestrados. Por outro lado, a Direcção Geral do Ensino Superior (DGES) alega que um conjunto de dúvidas subsiste no que respeita à qualificação e adequação do corpo docente. Qual a posição do Presidente do IPV relativamente a esta matéria?

Não temos que falar de outros Politécnico que certamente dependerão de alguma visão canhestra de uma população mal informada e, por isso, vítima de lobbies incomodados com o sucesso do ensino politécnico a nível nacional.
Por cá, pelo nosso Instituto, o espanto é total. Temos todas as condições para poder fazer formação para o 2ª ciclo, a tutela entende que não e obriga-nos, inclusivamente, a não cumprir a lei que determina esse tipo de formação nos Institutos. Que fazer?
É preciso continuar a lutar para dar uma maior visibilidade científica ao nosso Instituto não permitindo que algumas Unidades Orgânicas possam sequer sonhar em aferir a qualidade científica por baixo. Enquanto responsável por esta Instituição não permitirei que se gere a cultura do facilitismo exigindo mais flexibilidade científica mas também pedagógica para assumirmos com dignidade os caminhos da excelência.
Nós compreendemos, mas não aceitamos que alguns incomodados interesses queiram abater árvores de alto porte para dar luz aos pequenos arbustos.
Também aqui haveremos de vencer.


CN - O recente acordo PS/PSD para a justiça, com o patrocínio do Presidente da República, seria viável e desejável para a educação?

Penso que sim.
Todos sabemos que, enquanto se não fizer a verdadeira reforma da educação, jamais se conseguirá fazer qualquer outra. Não fora a grande vontade que todos temos de ver desenvolver um modelo de educação/formação compatível com o que acontece em todos os países da comunidade e diríamos como Herculano que o que existe "dá vontade de morrer".
Bem preciso era um acordo de princípio com todos os partidos ou pelo menos com os que defendem uma verdadeira democracia interiorizada, um verdadeiro acordo de regime para, então sim, desenvolvermos um verdadeiro sistema de educação /formação para Portugal. Trinta ministros da Educação em 30 anos, à média de 1,1 por ano, não permitirá nunca estabilizar um país, levando-o a compreender e aceitar todas as outras reformas que se impõem. O tempo urge. A paciência está a extinguir-se.


CN - Com a proximidade do início de um novo ano lectivo, gostaria de deixar uma mensagem à comunidade académica do IPV?

Gostava concerteza.
Aos colegas docentes sensibilizá-los para a permanente necessidade de desenvolver uma cultura científica não só na aquisição de graus, mas no seu quotidiano profissional.

Lembrar que na maior parte das nossas universidades e Institutos muitos colegas já atingiram performances sensíveis pela evolução científica que adquiriram.
Só assim cumpriremos com o estatuto que possuímos de professores do ensino superior. Que devem cumprir com as 35 h semanais a receber ao alunos e a investigarem, razões primeiras para assumirem em plenitude os estatutos que referi.
Aos alunos para serem exigentes com os seus professores não permitindo nunca o não cumprimento integral das respectivas funções.
Criticar positivamente quando sintam que o devem fazer e dedicando-se ao estudo para poderem resistir a este mar encapelado que é o da competição pela ocupação de um lugar compatível com o esforço que fizeram enquanto formandos de um curso que os quer habilitar para o exercício de uma actividade profissional.
Aproveito para a todos cumprimentar neste início difícil do ano lectivo de 2006/07.

entrevista: João Rodrigues
fotos: arquivo IPV


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